quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

RASO

Revestido de vidro, razão
limpidez a toda prova

busca ele entender
sem jeito, trejeitos

de tramas, as manhas
de quem ama

Por que o por quê
incompreensível

sua razão, límpida
não explica

replica, confusa
a profusão

difusa, de tudo
de nada e bóia

se enrola,
jibóia

sufoca em seu vidro
razão a toda prova

e não prova, sequer
comprova

inutilmente, o que
sente: patologia?

mitologia?
esquizofrenia?

não entende, entenderá
dia algum

revestido em seu vidro
que nos permeios

nos meios, entremeios
que se ama

nem razão, ciência
outra quiromancia

põe termo, entendimento
mesmo tudo é sufocamento,

ignorância.
Sua razão não lhe confere

salvo conduto
por terras absurdas

águas salobras
amargas mesmo

de azedar qualquer dos sonhos
de chorar qualquer dos fortes

Razão é parco insumo
nessa matéria gasosa

intangível; é mantimento
deveras perecível

que faz minguar
até a mais profunda inanição

Razão: raso poço
em que não possa

beber o entendimento
desse confundimento

que chamam amar.