terça-feira, 23 de abril de 2013

NO OLHO DO FURACÃO

Mudo
não mudo
o mundo

Grito
no mato
no monte

não chego a me ouvir
a me entender
se responder 
ao que não sei
perguntar

Atento
tento
o intento

no vento gelado de abril
lágrimas quentes
cavam o solo

a pauta
o ponto
de interrogação
final afinal?

Conquistado?
Quitado?
sua parcela vã
sua mora
sua demora

um ciclone sopra lá fora
mais bagunça faz
na alcova
vira de pernas para o ar
o ar me falta
e na falta
paira
mudo
o argumento

que canta o vento?
que encanto
que encontra
na conta
no conto?

no canto
planto
meu pobre sítio
cada semente
morre primeiro
nasce é depois.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

CALENDÁRIO-RELICÁRIO

E foi em janeiro
que te vi primeiro

já em fevereiro
deu-se o entreveiro

do que me disfarço
desfez-se em março

minha fina folha caiu
nem vi! era abril

te olhei de soslaio
na curva de maio

com uma flor em punho
triunfei em junho

no frio de julho
revirei o entulho

no vento de agosto
lancei meu desgosto

se bem me lembro
esqueci em setembro

é sempre outubro
quando te descubro

que não sendo membro
expulso em novembro

e termino tudo 
sem rima em dezembro.

terça-feira, 9 de abril de 2013

VASTO RAIMUNDO

Ah que lindo casal
num rito
tão casual

de uma janela vejo
num clique
num lampejo
num xilique

no cardeno
meus versos lampejam
nas linhas sobejam

e eles só beijam
seus risos
seus flashs

ontem soltei um
dane-se
e danei-me

hoje
serei feliz

e amanhã
um lance de loteria

e mesmo o que queria
meus versos finos
um dia

em sua boca
minha boca
meu sobejo

adivinhas
o desejo?

da janela
o que vejo?

algo casual
caso algo
de uma janela
que me cega
num clique
num xilique

insisto
mais que desisto

e para o velho
meu velho
não velo
um só segundo

e como raimundo
vai minha rima
pobre
resolvendo o mundo.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

PRIMEIRO DE ABRIL

é mentira!
primeiro de abril

e quem primeiro
abriu

a boca,
abriu os olhos

ao flácido argumento
o que toca

quem deu ouvidos
a tal potoca

quem disse a primeira?
quem ouviu a segunda?

quem a disse
numa segunda

quem a esqueceu
numa terça-feira

quem a sabia
dessa maneira

será a última?
tão verdadeira

que repetida
assim às vezes mil

fosse verdade
que num primeiro

não vinte e dois
de um mês de abril

enfim Cabral
inventasse o Brasil.