quinta-feira, 15 de setembro de 2011

AGRAVO

É grave!
Em tudo em minha vida
quero greve

de comer
de dormir
de amar
de estando espera
permanente
num porvir impossível
sonhado demais
esperado demais

quero greve
de sonhar
de acordar
de ressaca pela manhã
da balança que comigo não negocia

quero greve do açúcar
do telefone que nunca atendes
do meu salário que não sobra
da minha exasperação que sobra

É grave
a greve
que solicito
dos meus quereres egoístas
dos defeitos de meu carro
velho
do meu eu velho
viva a velha
greve!

Só a greve
produto do nada produzir
nos instantes inúteis
conduz
ao que improvável
produz
a placidez
das esperas
a que nada levam
o que nada levam
ao que nada consumam
no esperar
permanente
do fim da greve.