quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

INACABADO

O texto que segue abaixo comecei a escrevê-lo nem lembro quando; é um abraço em minha terra natal e como ando muito saudoso dela, resolvi postá-lo mesmo INACABADO. Quiçá um dia, se terminá-lo, volte a postá-lo aqui para compartilhar por inteiro esse meu amor por essa terra absurda, mas linda.

“Todos cantam sua terra também vou cantar a minha.” Citando o poeta Gonçalves Dias começo esta carta, para dizer singelamente de minha terra. Não é a terra das palmeiras, também não vi muitos sabiás apesar de saber que os tem. Contudo, é a terra do chão gretado; a porta do sertão absoluto. A terra primeira onde avistamos os mandacarus, os gravatás. É a terra do povo que brinca de viver a beira da abundância e margeando a vastidão dos campos que sucumbem à escassez de tudo. A terra que abandonando o recôncavo, primeiro mostra os recortes ásperos das serras a que se sucedem os chapadões do sertão sem fim. Aquela que é o berço das trilhas dos que primeiro adentraram o agreste inóspito; dos bugres expulsos do litoral, dos negros fugidios, dos caboclos, mamelucos e cafuzos filhos de nossa convulsionada raça. Terra das sesmarias esquecidas, dos nobres desprestigiados, do baronato ganancioso e dos coronéis de antanho.

De sua aparente tristeza e esquecimento rebrota um fervor apaixonado, da terra que se reinventa do absurdo. Com seu povo que é a máxima da luta do homem com a natureza na arte de seguir sobrevivendo e ainda na sobrevivência bruta encontrar motivo para o riso. A chuva que pouco cai revive a terra e o verde adormecidos, mas a esperança do homem dessa terra se alimenta de seu suor perene, em suas forças incansáveis ainda que improváveis.