sexta-feira, 29 de março de 2013

PROPOSTA

Como uma dose de tequila
um riso amarelo
e o verde chá de boldo

postado na mesa
na noite que te contei
eu sabia que a dor de cabeça viria
não pelo contado
nem pelo contato

rasgar dinheiro
é como abrir o coração

não sei se por que não fumo
nem se por que não fomos
mas se por que da fome

ou se por que da sede

As palavras são como vômitos
mas seu amargo não passa nunca

tampouco é esse o caso
tampouco será ocaso
do caso que acaso
desfez proposta
e já não caso.

quinta-feira, 14 de março de 2013

SEGREGAÇÃO

Como separar
a náusea do trigo?

como destilar
o que te digo?

O que encanta
desencanta
por tolo motivo

e nunca saberei
se é equívoco
o que hoje vivo

rasgo versos inúteis
ouço músicas fúteis

a vida se esvai
numa rede

o que torna perto
afasta
e não se mede
num curtiço

Como separar
o que tão junto
caminhou
mas que parece
que esteve sempre
separado.

segunda-feira, 11 de março de 2013

PROFECIA

Por que confusa?
se me confessas
se te confesso
que o difuso uso do fuso
traz agora
como jamais outrora
o mesmo arfar
a mesma falta
de ar
como daquela hora
em que certeiro
embora
fosse a má hora
em que a augusta
posto que astuta
jamais viria.
Não vai ser dito
o que bonito
se configura;
sua mistura
fêmea formosura
é juro alto
extrema usura
que de pagar
e de sorver
tanto faz amar
tanto faz bater.
Foi numa noite de natal?
Tarde de carnaval?
Foi na cidade?
com que idade
visto da ponte
visto da ilha
olhar de filha?
rosto de mãe
minha mão de pai
que te segura
não é de pai
meu golpe incerto
é mais que certo
o disfarçado
e evidente
jogo inocente
e ocultado
no baú fundo
de nosso riso
que mais preciso?
para que saibas
como se sabendo
fosse brilhando
se convencendo
que o que queimo
acetileno
é mais que pleno
versos tão rasos
rostos tão rosas
minha cantiga
pra te ganhar
ou te perder
posto que faça
o de viver
o de doer
o de sorrir
o de amar
se conjugando
no conjugado
o que seremos.

quarta-feira, 6 de março de 2013

QUANDO ACABA UM VERÃO

Posição
Inter posição
Cada obstáculo
cada cálculo
exato no dizer impreciso
cada tolhir
o que preciso

queimo estrelas de verões passados
vão tão longe
de um tempo de não lembrar mais

caem as chuvas do tempo como outrora
como caem os raios estáticos da aurora
como  cai a pano
como agora.

sábado, 2 de março de 2013

DO ANIL AO FUNIL

Quando eu via o céu de anil
sonho velado
união tão fina

um bando
turba
descendo a rua
zombando do seu próprio desentendimento

Quando eu via o seu funil
sonho revelado
estreito que desfia

soltos indivíduos
livres?
subindo escadas
soturnos entendendo que possuem toda a verdade da vida.