Eu
sou contra a reforma da previdência. Não por que não acredite que se exista um déficit ele não deva ser corrigido. Eu
sou contra a reforma da previdência. Não é por que não acredite que nela, a
previdência, não exista o que ser reformado ou melhorado. Eu sou contra a
reforma da previdência. Não por que serei, também eu, mais um entre milhões de
atingidos.
Sou contra a reforma da previdência,
porque afeta o povo de maneira drástica, sem levar em conta suas esperanças. Sou
contra a reforma da previdência, por que a conta, mais uma vez, será paga por
aquele que não gastou, por aquele que não versou mal o dinheiro público, por
aquele que sofrerá e não será ouvido. Sou contra a reforma da previdência, por
que não leva em conta a real necessidade do trabalhador. Sou contra a reforma
da previdência, sobretudo, por que quem a reforma não vive as agruras das leis
trabalhistas, do desemprego, por que quem a reforma vive uma outra realidade
previdenciária bem distante da do trabalhador comum que eles urgem em reformar.
Sou contra a reforma previdenciária,
pois, na conta do trabalhador, está sendo jogada toda a responsabilidade por
más administrações, por um sistema injusto, por desvios e corrupções
incontáveis. Sou contra a reforma da previdência, pois, para solucionar o mal
esclarecido problema, falta abnegação de nossos representantes, sejam do
executivo, judiciário e legislativo. Todos mandatários desses três poderes,
desfilam e consomem salários nababescos; vivem em palacetes pagos pelo trabalhador;
exibem ternos e gravatas impecáveis nas sessões, audiências e eventos públicos
custeados com o suor do povo; viajam e desfilam em aviões e carros de luxo com
motorista pagos pelos impostos que são, como o nome diz, impostos ao povo.
Dentro desse contexto, de total distanciamento da realidade do trabalhador
comum brasileiro, a reforma da previdência figura como uma conta, uma linha ou
coluna de uma planilha absurda, onde, com algumas dezenas de linhas de um texto
que faria Maquiavel corar, buscam uma fórmula para que magicamente a sua conta
feche atendendo interesses, que de longe, nada se parecem com o quê o cidadão
brasileiro necessite.
Por tudo isso e mais um bom punhado
de motivos, sou contra a reforma da previdência. Não é preciso ter um
posicionamento político, partido ou bandeira. O flagelo de nossa vida
cotidiana, a luta perene por dignidade e as mínimas condições de qualidade de
vida, por si só, são estandartes bem mais eloquentes que qualquer ponto de
vista governista ou não, esquerdista ou não. Reformar a previdência, sem o
menor compromisso com o bem estar e seguridade social, motivo pelo qual existe
uma sistema previdenciário, objetivando meramente objetivos fiscais, não é o
tipo de medida, ainda que pareça o contrário, que possamos chamar de
responsável. Não há como defender esse tipo de reforma. Em verdade, nem parece
uma reforma. Parece mesmo uma nova forma, de arrecadar mais e conceder de menos
àqueles que como sempre e mais uma vez, pagarão a conta.