Não sei se em março
eu me desfaço
ou me disfarço
tanto amargo mudo
travestido em riso falso
tanto ofender
mesmo sem jeito
mesmo sem ver
se eu soubesse
que fora feito?
seu eu dormisse
e fosse sonho
ou dominasse
o que te fere
ou enfadonho
torna o viver
por modo esse
de se sorver
tão indigesto
se o que ofende
palavra ou gesto
bem ou mal feito
se eu pudesse
passo perfeito
adivinhar ou me dissesse
corrigir talvez
fosse possível
pedir perdão
fosse direito
mas o silêncio
de resposta
tenho abundante
e o mais errar
em corrigir
terei eu feito
mais atolado
e redundante
terei ficado
perdido sempre ei
se me disfarço
e cada vez mais
eu me desfaço
num mês de março.