quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

NÃO POR QUE VIM

Não por que eu vim
Não pra por fim
Nem terminar

Vim completar
um começado
que talvez
guardado
por algum tempo
tenha estado

Não pra ser tudo
ou pra ser parte
vim fazer parte
vim reclamar
vim ocupar
o meu reinado

essa gaveta
melhor espera
melhor preparo
melhor apuro
de sentimento

sem sedimento
do não vivido
ou do passado
o renovado
ora se vive!

Não por que eu vim
ou medo tive
foi por que sempre
de um modo estive

Pra onde vim!

sábado, 25 de janeiro de 2014

GAVETEIRO

Um gaveta onde guardar
roupa usada
nova roupa
calçados que se acumulam
cheiros que se sobrepõem
e uma canção na voz menina

Tudo novo
no usado
tudo lado
todo junto
guardado

Uma ponta de cama
uma nesga de lençol
hálito quente de manhã
preguiça
mão que atiça
e convida
à primeira manhã

Todo canto
todo encanto
não pra rimar apenas
nem só pra dizer açucenas

Brincadeira real
no teu arraial
de brigar, de viver
de chorar, de sorver
de abraços
unhas e plasma

Tua mesa de café
teu andar com fé
e essa mão miúda
que com só um toque
a reboque
acomoda
a moda
simples
de meu viver numa gaveta.