Sempre esse devaneio
no conduzir
becos ladrilhados
no sonhar
o que não se concretiza
o breve que aguarda
forma
chuva diluvial
fechou a tarde
fechou o caminho
torrente que se descortina
desce a rua
desce a tarde
a luz que não volta
a companhia que não atende
a sua companhia
que jamais chega
eu que a aguardo
breve
infinita
tarde sem sol
boa pra terminar
um poema
um dia
a própria tarde
as esperanças
que se fecham em tampas
de boeiros
sufocados
da enxurrada
que a tudo leva
a mim leva
deixa uma cica
na boca
um ácido
de um doce
beijo que não veio
na tarde que termina.