Um mergulho
seja raso ou seja fundo
um mergulho
um borbulho
como um suspiro
em lâmina d'água
dissipa ou dissolve
qualquer mágoa
Haja propícia hora
oportuno tempo
sem pedir aflora
isopor na água
repentina aurora
que preenche tudo
"Não force o poema"
penetra
surdamente
surda a mente
ao mundo mudo
gritos sem som
tão sem fonema
sua sintaxe
que sem sentido
tão sentido
brote...
sem fazer força
sem fazer forca
ao que precisas
ou que desejas
tal que sobejas
teu esperado
parto marcado
mas sem marcado
tão sem agenda
que sua senda
inesperada
bem como nasce
se evanesce
bem como cresce
seu desejado
assim completo
e consumado.
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
ROUCO REQUIEM
O cotidiano endurece a gente
mas não devia
a falta de sono
o excesso de tarefas
o excesso de peso
nos sufoca
mas não devia
nossos olhos duros
e apressados
se dissipam pelas janelas sem nada ver
mas não podia
Não tempos tempo para o riso das crianças
para uma xícara de café quente
para “não fazer nada”
“não fazer nada”
Às vezes levamos seu sentido demais ao pé da letra
e em eternamente negá-lo
nos pegamos no fazer algo
de um tipo, muitas vezes de algo,
que não significa nada
e redundamos em fazer nada
mas deveria?
Uma canção americana
diz em outra língua
de um amor ameaçado
eu nunca ouvi essa canção
ouvidos duros
moucos
sempre a mesma falta de tempo
eu não me queixo
apenas aqui digo pra fazer diferente
quebrar subversivamente a rotina
o muro alto e frio do cotidiano
enquanto, no meio do expediente
tarefas a fazer
escrevo versos livres
lembrando do cheiro de mato
uma xícara de café
uma canção americana que toca no rádio
lembrando das conversas jogadas fora
do riso de minhas filhas
do beijo de minha amada
uma revolta
simples revolução
para amolecer a dureza de meus olhos
aguçar meus tímpanos esquecidos
enquanto uma voz rouca
ecoa no rádio
uma história de amor
numa língua que não entendo
mas me dou o luxo de ouvir
a beleza da canção inefável.
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