Há coisa mais sem sentido
que uma vida sem partido?
Não há lógica nem razão
de viver sem posição
o que por ter oposição
é movimento já esperado
não há viver parado
que até pra isso há escolha
riscar ou não a folha
a todo instante é decidido
por isso, pergunto e repito:
Há coisa mais sem sentido
que uma vida sem partido?
o que é desaprumado
é fazer do optado
verdade una e perfeita
não querer de outra feita
partido oposto igualado
entender que é mesmo o direito
de quem se põe de outro jeito
diverso do panfletado
certo é viver com elegância
vestido de tolerância
pros diferentes partidos
que temos aí encontrado
que fica enriquecido
tudo aquilo discutido
por diferentes visadas
e por vezes novas entradas
nascem de duas posições
que eram desencontradas
por isso absurdo é mesmo
vociferar tanto a esmo
tão tola neutralidade
que pra dizer de verdade
neutro mesmo só sabão
dito como bordão
sinônimo de qualidade
e arremato dizendo
que mesmo a gente querendo
pra encerrar o insistido
que coisa é sem sentido
dizer não haver partido
enquanto vamos vivendo!
quinta-feira, 21 de julho de 2016
quarta-feira, 13 de julho de 2016
PEDRA FUNDAMENTAL
Devagar...
descontrói-se o reino na terra
e um outro ainda turvo
se alevanta
onde a saudade
de pouco a pouco
se agiganta
como uma sombra no sopé da serra.
No alto e baixo
de uma Gangorra centenária
uma pedra fundamental
se esfacela
rasga-se um gibão
rompe-se um arreio
no chão a cela
dessa cavalgada temerária.
No sertão dos tempos
no sertão dos séculos
escreveu tua história antiga
seu cavaco
a embalar velha cantiga
que confortava a velhos
e fazia sonhar os novos
com as eras de antanho
com as secas e as cheias
no seu contar sem tamanho
das veredas e nos matos
e seu plantar perene.
Plantou tanto e sempre
que sua colheita
se espalha além das vistas
de sua chapada
tanto direita
quanto a esquerda
se perde no ondular
do mar-sertão
e pra onde olhamos
de um certo modo
sempre te vemos
no seu Carneiro
mesmo outro bicho
mesmo outro nome
marcado a ferro
marcado a sangue
marcado a alma
que não a negue:
no seu colher
vai se colhendo
no lembrar
se vai reinando
por nosso auxílio
viveu mais lírio
viveu mais tempo
que o seu tempo
e se aceitamos tal despedida
é por que levas
teu milho doce
teu feijão forte
com teus arreios
erigir ainda outra morada
fazer do elísio
tua cancha terra
correr no céu
tua vaquejada.
descontrói-se o reino na terra
e um outro ainda turvo
se alevanta
onde a saudade
de pouco a pouco
se agiganta
como uma sombra no sopé da serra.
No alto e baixo
de uma Gangorra centenária
uma pedra fundamental
se esfacela
rasga-se um gibão
rompe-se um arreio
no chão a cela
dessa cavalgada temerária.
No sertão dos tempos
no sertão dos séculos
escreveu tua história antiga
seu cavaco
a embalar velha cantiga
que confortava a velhos
e fazia sonhar os novos
com as eras de antanho
com as secas e as cheias
no seu contar sem tamanho
das veredas e nos matos
e seu plantar perene.
Plantou tanto e sempre
que sua colheita
se espalha além das vistas
de sua chapada
tanto direita
quanto a esquerda
se perde no ondular
do mar-sertão
e pra onde olhamos
de um certo modo
sempre te vemos
no seu Carneiro
mesmo outro bicho
mesmo outro nome
marcado a ferro
marcado a sangue
marcado a alma
que não a negue:
no seu colher
vai se colhendo
no lembrar
se vai reinando
por nosso auxílio
viveu mais lírio
viveu mais tempo
que o seu tempo
e se aceitamos tal despedida
é por que levas
teu milho doce
teu feijão forte
com teus arreios
erigir ainda outra morada
fazer do elísio
tua cancha terra
correr no céu
tua vaquejada.
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