segunda-feira, 1 de novembro de 2010

NOCAUTE TÉCNICO


Enfim, acabou. Foi soado o gongo do ringue eleitoral com uma vitória por nocaute técnico de Dilma Roussef. Nocaute técnico por que sua maioria atingida é questionável diante de mais de 29 milhões de abstenções comparada com uma vantagem de cerca de 12 milhões de votos que foi o que consolidou sua vitória frente ao candidato tucano. Esse volume extraordinário de abstenções denuncia uma falta de alinhamento ou pelo menos uma total indiferença pelos postulantes que permaneceram na disputa por grande parte dos eleitores.

Como foi a eleição dos sem carisma a vitória de Dilma reside justamente num ponto onde pode estar plantada a derrota de José Serra. Com méritos pessoais produzidos por ser componente de um governo amplamente aclamado, liderado por um presidente que deixa o mandato com mais de 80% de aprovação, Dilma teve sua vitória construída nos calcanhares do presidente Lula, seu magnetismo pessoal e sua impressionante habilidade em arrebatar as multidões.

Também de baixo carisma, Serra, um personagem mal construído pelo PSDB traz consigo de maneira fortemente entranhada a rejeição dos governos FHC, sua política de privatização impopular e sua baixa capacidade em transferir riqueza para as  classes desfavorecidas. Corrigindo, o personagem não foi tão mal construído assim, pois ainda atingiu 44% das intenções de voto; os marketeiros agiram com muita habilidade transferindo para a cena do debate eleitoral questões de cunho moral e religioso transformando nossa disputa presidencial num circo mais parecido com uma eleição norte americana.

No entanto, a rejeição dos dois é latente. Lula transferiu boa parte de sua capacidade de atrair votos para sua sucessora, porém, temos de observar que apesar de seus mais de oitenta por cento de aprovação, Dilma não atingiu 60% da aceitação do eleitorado. Serra por sua vez não conseguiu angariar os tão necessários votos de Marina Silva. Nem mesmo em Minas, onde o seu mais forte cabo eleitoral Aécio Neves foi incapaz de garantir sua vitória no segundo maior colégio eleitoral do país.

Bem, carisma, empatia, serve muito bem para ganhar uma eleição, mas é com muito mais que se governa um país. Para Dilma a prova de fogo começa agora em que terá de assegurar unidade em sua ampla e diversa base de apoio. Deverá lembrar que cada grupo ou partido reclamará seu quinhão e isso poderá complicar o meio de campo para manter o lema de construir o “Brasil, um país de todos”. Aos tucanos, meus pêsames, ainda colhem os frutos de oito anos de um governo impopular e com poucas perspectivas aos mais necessitados. A Dilma fica o desejo de boa sorte, lembrando que devemos ficar atentos, tanto os que votaram contra, mas principalmente os que votaram a favor. A responsabilidade do Brasil que se construirá não é apenas da Dilma, é de cada um de nós.

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