quarta-feira, 8 de maio de 2013

REVIRA

à beira da virada
mas ainda não é a hora
a próxima
e permanente
não sem ansiedade
que nada ajuda
ouço fino agudo
as batidas do ponteiro
mas ela virá
a hora virá
com badaladas surdas
sem alarido
o que ouço agora
são murmúrios
sussurros
que antecedem o grito
um apito passa na rua
longe
à porta batidas inúteis
talvez cheguem as contas
talvez não cheguem
há tanta coisa paga
e há tanta pra pagar
mas ainda à beira da virada
à margem do porvir
um compaço cego
desenha uma curva no ar
não percebo
não decifro
apenas entendo
as mudanças mudas
são as mais belas
ainda que terríveis
mas a hora, ora
ainda não o é
ainda é mais talvez
no incerto que flutua
sua curva mágica
apenas a virada
é ainda uma certeza
como a certeza curva
indefinida
do seu traço indescritível
no gira mundo
sem hora
sem cabeça
eu feito
desfeito e imperfeito
apenas à margem do rio
que vira a vida vadia
navega a margem
e espreita
espera vivendo manso
que ainda não é a hora
nem do que queira
nem da beira
nem da virada.

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