terça-feira, 26 de setembro de 2017

AMOR DE GAUCHE

Você que faz versos
tão tristes

fala de tudo
da mesma coisa
tão tantas vezes
tão repetidas

Eu que na falta
tão reincidente
tão reticente
mesmas feridas

No meu jardim
quase nunca é primavera
mas sempre espero
sempre espero

o meu mergulho
meu grito rouco
meu verso louco
meu tempo pouco

sempre ao lado
enviesado
uma resposta
mesmo incomposta

minhas grosserias...
me carregar é tão difícil
pois raro afago
verso não há

cardo bilhete
que dê surpresa
nem nunca veio
que pelo meio

mas é vazio
que o copo está
que nunca enche
que nunca ancho

ache meu eu

No meu jardim
minhas vontades?
vontades muitas
nem só as minhas

mas no ramerrão
meu duro jeito
de incompletar
se completando

sem verso pronto
sem entendimento
tem seu momento
de se levar

mesmo sem forma
mesmo sem fôrma
que te ampare
mesmo sem jeito

também é amar.