quinta-feira, 5 de setembro de 2024

RESGATE

Em tua Visita me resgato
Acho a água:
a que limpa
a que mata a sede
Eu, que sedento
de minha ausência
de tuas ausências
diria: saudade
Tua Visita chega numa manhã de inverno
me  resgata para um desembarque à tarde
a mala cheia
de rugas e cabelos brancos
tantas estórias ou histórias?
nossos sumiços: lacunas
preenchidas com o pouco tanto
fartura ancestral apenas em nosso timbre de voz
sem palavras
apenas presença
que soçobra a falta de assunto
e ocupa todos os espaços
sem precisar de mais que isso.
Santa Visita repentina
que reaviva poema antigo
e faz nascer novo
que reacende
paga tributo e de novo:
resgata
esse convívio de hiatos
latente lembrança
que se reata ao mínimo toque de um verso.
Tua Visita é estopim
reação quântica
nasce nas varandas ao cair da noite
e queima, sem estardalhaço,
por todo sempre,
dentro de nós.

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