sexta-feira, 11 de março de 2011

CAÇA-FANTASMAS

Meus fantasmas me visitam
como a um velho amigo
Do todo por onde andaram
trazem sempre sua essência bruta
estampada em sua face lívida.

Meus fantasmas me visitam
como a um doente terminal
Não trazem flores nem esperança
apenas o prontuário certo
de coisas que não se apagam.

Me visitam, meus fantasmas
como a um presidiário
trazem em seu bafejo fantasmagórico
o alento das coisas que sucumbem
ou dos sonhos que se afogam.

Meus fantasmas me visitam
trazem seus presentes imprestáveis
seus doces impropérios
sua zombaria elegante
seu julgamento mordaz.

Meus fantasmas me visitam
e não sei se rejeito com um desprezo elementar
ou se recebo num abraço apoteótico
seu estranho galardão.
Meus fantasmas me visitam
enquanto humano, faço, um pedido de perdão.

Um comentário:

Lilly - Liló disse...

Adorei o poema!
Mas não sei por que pedir perdão a fantasmas, se eles sempre visitam, até mesmo quando não os queremos conscientemente.
O que resta quando os fantasmas entram é ver o que ainda podemos aprender com esta experiência, não é mesmo?
Abçs.