Quando a ponta da faca
é um muro
quando o muro que em cima
é uma corda bamba
quando meu teto estilhaça
em navalhas de vidro
quando o vidro
translúcido
reflete um sol opaco
eu mesmo vejo
ou sinto
pressinto
tardiamente
tudo escondido
tudo mal contado
a caneta que escreve
sangra sua tinta
escarlate
num alvo papel manchado
Eu queria te dizer
eu devia te dizer
mas cansei de te dizer
Não há conhaque que comova
não há verso que resolva
tanto faz
se há pernas suas cores difusas
nada se esclarece
nas casas, nas tardes
em que escondemos
nossas verdades medrosas
nosso suspiro
raivoso
pro que não se revelará.
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