segunda-feira, 27 de maio de 2013

CORTIÇA

Salpico de sol
meus dias de chuva

minha força guardo
em xícaras de café

seus escrúpulos de botequim
traídos por retina

de menina
meus versos de ancião

numa manhã de inverno
solstício de verão

Eu te digo
pra não convencer

digo pra vencer
essa reticência

que congela meu oxigênio
que engasga

minha fala infantil
que apaga meus desenhos de junho

Venci falante
essa procela calada

que revolve
esse fundo

que retira esse lodo
das paredes brancas?

Chove no deserto
se eu vou?

se tu vais?
tampouco isso importa

o que mais interessa
é a verdade que boia

como a cortiça
maciça

em nossa bacia
transborda agua fria.

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