terça-feira, 20 de junho de 2017

ARMADILHAS DA LITERATURA


Com certa surpresa acabo de ler “FELIPE DAUDT – ARMADILHAS DA MENTE”, do escritor, motociclista e amigo Edris Vasconcellos. Digo surpresa, mas uma boa surpresa. Há um ano, ganhei, de um grande amigo em comum, como presente de aniversário, o segundo livro do sempre inventivo Edris Vasconcellos. Na minha caótica, mas eficiente, forma de organizar minha leitura, o livro, de 231 páginas permaneceu estacionado no criado mudo de minha cama por pouco mais de um ano, enquanto eu, me debruçava na leitura já iniciada da saga Harry Potter. Finda a saga, ainda não foi a hora de lê-lo, segundo a desordem de minha cabeça, na priorização dos livros que aguardam meu escasso tempo para leitura. Nesse ínterim, li uma edição de bolso da Divina Comédia, de Dante Alighieri, e nisso gastei mais tempo que o planejado.

Mas enfim, iniciei a leitura de Felipe Daudt – armadilhas da mente, de maneira um pouco preguiçosa e confesso, mais por consideração ao amigo que por fome de leitura. Porém, foi como se tivesse tomado um tapa. Aquele livro, que descansou, pacientemente ao pé da cama, por mais de um ano, me arrebatou no segundo capítulo. Minha leitura, sempre preguiçosa e descontinuada, tornou-se caudal, ansiosa e, dentro do possível, frequente. Me peguei carregando o volume para todos os cantos, no afã de que, havendo um tempo, mínimo que fosse, eu pudesse ir desvendando aquela história, intricada, misteriosa, bem narrada e repleta de reviravoltas.

Edris Vasconcellos, mostra em seu segundo livro, uma habilidosa capacidade de enredar uma trama envolvente, intrigante, ao mesmo tempo que leve, fácil de ler e com um desfecho surpreendente. Tudo isso, tendo como pano de fundo, sua cidade natal, que ele mostra ser um profundo conhecedor, além do universo dos motociclistas e seus grupos onde cultuam a fraternidade, amizade e ajuda mútua. De tudo que surpreende no livro, o que me causou maior impacto foi a evolução. Quando comparamos seu primeiro livro, O Anjos sem asas, com esse magistralmente construído, é gritante a evolução de Edris Vasconcellos enquanto escritor. Em O Anjo sem asas, temos também uma bela história, repleta de lições e paralelos com os dramas vividos todos os dias por muitos de nós, porém, numa narrativa mais simples, linear e quase pueril. Já em Felipe Daudt – armadilhas da mente, temos um romance de corpo e vulto, delineando uma maturidade criativa e propensa a voos mais altos no universo literário.

Por fim, o livro que iniciei de forma preguiçosa, deixou, além da grande surpresa, um já conhecido gosto de quero mais. Uma saudade gostosa de seus personagens e arremates inesperados. Semelhante ao seu subtítulo, para mim, foi uma grande armadilha, não da mente, mas da literatura e do trabalho e esforço do amigo e amante da literatura de das motocicletas Edris Vasconcellos.

Edris, espero que continue nos prendendo em muitas outras armadilhas literárias. Obrigado.

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